A oportunidade de oferecer consultoria financeira está cada vez mais ao alcance de contadores e escritórios de BPO. Mas para operar nesse segmento, é preciso entender bem como funciona o enquadramento tributário do CNAE certo, cumprir normas do fisco e ainda estruturar controles financeiros eficientes para atrair e manter clientes. Este artigo do BPO Space mostra, no detalhe, como navegar tudo isso de maneira prática, humana e realista.
O que é o CNAE 7020-4/00 e onde se encaixa
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas que define a consultoria em gestão empresarial, código 7020-4/00, tem foco em atividades de assessoria, consultoria, orientação e assistência na administração de empresas. Ela inclui, de forma muito clara, a consultoria financeira e de gestão.
Segundo informações do site do IBGE sobre o CNAE 7020-4/00, esse enquadramento abrange tudo que envolve planejamento, reestruturação, controle orçamentário, métodos de contabilidade, relações com funcionários e até mesmo logística.
- Gestão das finanças do negócio
- Planejamento estratégico para expansão
- Controles de custos e definição de metas
- Apoio em negociações comerciais e internas
O CNAE 7020-4/00 abre portas para uma atuação consultiva ampla e muito valorizada pelo mercado.
Qual empresa pode usar esse CNAE?
Existem algumas características ideais para enquadrar uma empresa como consultoria financeira sob esse código:
- Empresas de pequeno a médio porte que prestam serviço para outras pessoas jurídicas
- Profissionais autônomos com formação em administração, contabilidade ou economia
- Sociedades empresariais constituídas para prestar consultoria, seja de gestão, planejamento ou orçamento
Se a proposta é ajudar outros negócios a organizar as finanças, sugerir estratégias, desenhar orçamentos, ajustar processos internos ou melhorar controles, esse é o CNAE ideal.
Principais atividades permitidas pelo CNAE 7020-4/00
O universo desse código é vasto, mas alguns serviços são bastante buscados:
- Consultoria para definição e controle de orçamento empresarial
- Análise de fluxo de caixa e projeções
- Planejamento tributário e orientação para redução de impostos
- Auxílio em tomadas de decisões financeiras e estratégicas
- Elaboração de indicadores de desempenho
- Métodos para definição de preço e rentabilidade
- Organização da contabilidade gerencial
- Reestruturação e reengenharia de processos administrativos
- Orientação na gestão de capital de giro
É importante não confundir consultoria financeira (abrangente na gestão empresarial) com atividades de auditoria, perícia ou serviços regulados por conselhos de profissão específica (que exigem outros enquadramentos).
Como funciona o enquadramento tributário da consultoria financeira
A escolha do regime de tributação interfere diretamente na carga tributária e no crescimento da consultoria. No Brasil, os três caminhos mais frequentes são Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real.
Como funciona no Simples Nacional
Empresas do segmento de consultoria podem se enquadrar no Simples Nacional. A regra principal: só entram se atenderem o limite de faturamento e outros requisitos do regime.
Mas nas consultorias com o 7020-4/00 há um detalhe: a tributação varia entre o Anexo III ou o Anexo V, dependendo do chamado Fator R.
- No Anexo III, a carga tributária é menor, começando em 6%. Para isso, a empresa deve ter uma folha de salários equivalente ou maior que 28% do faturamento dos últimos 12 meses.
- No Anexo V, a tributação inicial é mais alta, partindo de 15,5%. Empresas que gastam pouco com folha de pagamento (ou fazem pouca distribuição de pró-labore) ficam nesse anexo.
O Fator R é a divisão da folha de salários pelo faturamento. Se o índice for acima de 28%, a empresa pode tributar na faixa mais vantajosa (Anexo III). Caso contrário, fica no V.
Fator R é o divisor de águas para a competitividade da consultoria no Simples Nacional.
Consultoria financeira no Lucro Presumido
Quando o limite do Simples é ultrapassado, ou a atividade não se enquadra, muitas empresas optam pelo Lucro Presumido. Aqui, a tributação ocorre sobre a receita bruta presumida e alíquotas fixas, geralmente:
- IRPJ (15% sobre 32% do faturamento)
- CSLL (9% sobre 32% do faturamento)
- PIS (0,65%)
- COFINS (3%)
- ISS (varia conforme município, geralmente 2% a 5%)
A base de cálculo é simplificada e muitas consultorias de menor porte conseguem estimar facilmente o total de impostos a pagar.
Consultoria financeira no Lucro Real
Esse regime se aplica a quem fatura muito ou atua em segmentos específicos exigidos pela legislação. No Lucro Real:
- A apuração do imposto é sobre o lucro efetivo (receita menos despesas dedutíveis)
- Exige controle contábil impecável
- Pode ser vantajoso para empresas com margens menores ou despesas altas
Só que a burocracia e a necessidade de processos contábeis organizados são maiores, e para muitos, acaba não sendo o caminho mais desejado.
Principais impostos e diferenças entre regimes
Vamos aos impostos mais comuns encontrados nos regimes já mencionados:
- Simples Nacional: DAS (guia única englobando impostos federais, estaduais e municipais, inclusive ISS), com alíquota variável entre 6% e acima de 19%, conforme o anexo e a faixa do faturamento.
- Lucro Presumido: IRPJ e CSLL (calculados sobre 32%), PIS, COFINS e ISS. A soma pode chegar em torno de 13,33% a 16,33% + ISS.
- Lucro Real: IRPJ e CSLL (sobre lucro efetivo), PIS/COFINS não cumulativa, ISS conforme cidade.
A escolha do regime fiscal muda tudo no bolso da consultoria financeira.
Outro ponto: no Simples, tudo é simplificado. No Lucro Presumido ou Real, surge a obrigação acessória de enviar escrituração contábil, seja digital ou impressa, dependendo do porte do negócio.
Boas práticas na operação e controles para consultorias financeiras
No BPO Space, sempre alertamos: de nada adianta abrir uma empresa, ter o CNAE 7020-4/00 e emitir nota. Consultoria financeira é, acima de tudo, disciplina nos próprios controles. Não basta dominar os de seus clientes.
Aqui vão dicas que fazem diferença nos bastidores:
- Separe as contas da consultoria das contas pessoais. Isso evita dor de cabeça no Imposto de Renda.
- Registre todas as receitas e despesas, por menores que sejam. Até um cafezinho conta para efeito de dedução no Lucro Real.
- Mantenha caixa e bancos conciliados. Use planilhas ou ERPs simples, mas não abra mão de acompanhar a movimentação.
- Guarde cópias de contratos e documentos fiscais eletrônicos. Uma fiscalização pode pedir até 5 anos para trás.
- Monte relatórios trimestrais para simular cenários de tributação e, se der, antecipe ajustes necessários.
O contador precisa ser seu melhor parceiro. É comum, inclusive, que contadores virem consultores de outros colegas de profissão, oferecendo o serviço de organização financeira usando o próprio CNAE 7020-4/00, e também captando clientes confiantes no método.
Influência do regime tributário nos planos de expansão
Algumas decisões de regime tributário fazem sentido agora, mas podem limitar o crescimento futuro da consultoria financeira.
- Crescimento de equipe: para tributar pelo Anexo III do Simples, investir em folha de pagamento pode ser o caminho para pagar menos imposto.
- Expansão para grandes clientes ou outros estados: empresas limitadas ao Simples podem precisar migrar para o Lucro Presumido assim que passarem dos limites legais.
- Nova sociedade ou fusão: verificar como fica a carga tributária e o controle sobre receitas recebidas em diferentes CNPJs.
Grandes consultorias, com foco em gestão de contratos maiores e clientes corporativos, acabam por adotar regimes mais robustos, como o Lucro Real, para usufruir de benefícios fiscais mais sofisticados. Consultorias de nicho ou início de operação, quase sempre, tiram melhor proveito do Simples e do Lucro Presumido.
Como contadores e BPOs podem atuar ou regularizar consultorias
O profissional contábil e BPO tem ótima vantagem na hora de abrir ou prestar consultoria financeira. Além de domínio técnico, sua rotina já envolve indicadores, fluxo, tributos e relatórios. O segredo é formalizar corretamente, registrar contratos detalhados e manter a transparência nos serviços prestados.
- Informe ao cliente cada serviço incluído. Deixe escopo, prazos e valores muito bem descritos.
- Opte sempre pela emissão de nota fiscal, com o CNAE correto e código de serviço do município.
- Capacite-se com treinamentos sobre regime tributário, receita recorrente e indicadores financeiros.
- Aproveite o networking de outros contadores para oferecer a consultoria em gestão via parcerias.
No BPO Space, defendemos que o contador de alta performance aprende a enxergar o negócio do cliente como seu. Isso significa orientar, organizar e direcionar para o crescimento, usando a prestação de consultoria não só como serviço, mas como estratégia de geração de receita previsível.
Conclusão
Quem usa o CNAE 7020-4/00 para oferecer consultoria financeira encontra um cenário cheio de possibilidades, mas também algumas escolhas delicadas para acertar nos impostos e na operação.Regime fiscal, controles internos e postura consultiva são os três pilares que fazem a diferença.Ao investir em estruturação, registro detalhado das movimentações e compromisso com resultados de clientes, contadores e BPOs criam negócios lucrativos, escaláveis e verdadeiras máquinas de venda.
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Perguntas frequentes sobre consultoria financeira e o CNAE 7020-4/00
O que é o CNAE 7020-4/00?
É o código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas usado para empresas que prestam consultoria e assessoria em gestão empresarial, incluindo consultoria financeira e planejamento. Abrange orientação em administração do negócio, definição de métodos contábeis e controle orçamentário, conforme descrito pelo IBGE.
Como abrir consultoria financeira com esse CNAE?
Para abrir, é preciso registrar um CNPJ (pode ser MEI, EI, EIRELI ou LTDA), escolher o 7020-4/00 entre as atividades, definir o regime tributário e emitir alvará conforme a cidade. Um escritório de contabilidade pode cuidar do enquadramento e da organização dos documentos, facilitando todo o processo inicial.
Quais impostos incidem sobre consultoria financeira?
Os impostos variam conforme o regime escolhido. No Simples Nacional, paga-se o DAS (que inclui ISS, IRPJ, CSLL, PIS, COFINS). No Lucro Presumido, soma-se IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e ISS municipal. No Lucro Real, os mesmos impostos incidem, mas com apuração sobre o lucro efetivo e escrituração contábil mais detalhada.
Vale a pena usar o CNAE 7020-4/00?
Sim, especialmente para quem quer prestar consultoria estratégica, financeira ou empresarial de maneira formal e valorizada pelo mercado. Além disso, permite atender diversos segmentos sem restrições, desde que as atividades estejam dentro das previsões legais.
Como emitir nota fiscal para consultoria financeira?
Tudo depende do município, mas o padrão é usar a Nota Fiscal de Serviço eletrônica, selecionando o código de serviço referente à consultoria financeira. É necessário ter inscrição municipal, acesso ao sistema correspondente e cadastrar os serviços corretamente para não pagar impostos errados.